terça-feira, 8 de setembro de 2009

Vodka

- Vodka... com bastante gelo. – disse Francis num tom quase sussurrante sentando-se num dos vários bancos vazios a frente do balcão do velho bar onde costumava ir em noites de pouco agito. Era a quarta vez, só naquela semana, que Francis sentava naquela mesmo banco para tomar a primeira de suas 4 doses de Vodka para tentar esquecer o que lhe havia acontecido nos últimos meses.

- Sabe Denis... eu estive pensando, acho que este é apenas um complô para que me façam beber esta maldita Vodka que você vende aqui. – disse Francis levantando o copo e olhando para Denis, tentando forçar ao máximo um sorriso. Falhara. – sabe... estas minhas desilusões, estas mulheres erradas, devo dizer, que aparecem em minha vida... acho que você vem pagando-as para que, de alguma maneira, me façam te dar algum lucro em dias como esse. – concluiu levando a mão ao bolso da calça jeans azul, um pouco surrada, e tirando um maço de cigarros. Abriu-o, retirou um cigarro lentamente, olhou-o com calma... era uma espécie de ritual. – Se importa se eu fumar? – perguntou a Denis, pela quarta vez na semana, e obteve “Não, senhor” pela quarta vez na semana. Francis sempre fazia a mesma pergunta, talvez para exercitar seu sarcasmo. Se divertia fazendo ao barman perguntas que deveriam ser feitas a algum amigo... fazia a pergunta ao barman pois não tinha a quem perguntar.

Deu uma tragada longa no cigarro... deixou a fumaça subir, ficou olhando-a, como se esperasse algo dela. A fumaça nada tinha a oferecer.

- Vodka... sem gelo por favor. – Disse uma mulher muito branca e de cabelos muito vivos, sentando-se num dos inúmeros bancos vazios em frente ao balcão.

Francis olhou para ela, tentando usar ao máximo sua visão periférica, reparando que um banco os separava. Olhou para o cigarro bebeu mais um gole de sua Vodka ficou olhando para o copo esperando que a mulher, que lhe era familiar de algum lugar, bebesse o primeiro gole. E ele foi bebido.

- E o que a faz beber Vodka essa noite? – perguntou sem levantar os olhos, ainda admirando a fumaça de seu cigarro que subia num fio cada vez mais alto, para logo se espalhar em uma nuvem cinza pelo bar escuro. A esta altura, ninguém desconfiaria que Francis estaria tentando paquerar a mulher. Ele havia decidido, há algumas semanas, que só daria valor a uma mulher no mundo: sua mãe. E além do mais, aquela a seu lado, a um banco de distancia dele... era Donna Summer, uma apresentadora de um programa numa emissora local.

- Sede... e talvez uma busca por alivio mental. A gravações as vezes me matam.

- Entendo, todos nós procuramos alivio... e talvez a Vodka seja um ótimo remédio, pena seus efeitos não serem muito prolongados. – disse olhando as garrafas de Whisky em prateleiras a frente do balcão.

- Não sei o que mais me estressa, se são as gravações ou os fãs chatos que vivem correndo atrás de mim em dias que realmente preciso de uma dose. Sabe, ontem tive que ir para Chicago entrevistar Karl...

- Sabe... – disse Francis interrompendo-a – você é uma mulher bonita, atraente e parece bastante inteligente mas, desculpe, eu odeio seu programa e não tenho a menor intenção de ouvi-la falar sobre ele. – Se levantou, apagou o cigarro, deixando uma nota de dez no balcão bebeu o ultimo gole de sua Vodka. Donna o viu se dirigindo até a saída e se levantou...

- Francis... – disse Donna, a ex-mulher de Francis. A mulher que há 2 meses atrás o havia traído e insultado. A mulher que o fazia beber Vodka todas as noites. – eu te amo Francis. – agarrou o braço dele e fez de tudo para parecer chorar.

- Não me culpe por isso Donna. – disse Francis, tentando parecer o mais insensível possível, desvencilhando-se dos braços dela, e se dirigindo ao apartamento que um dia abrigou Donna.

Era a primeira vez em 2 meses que Francis saia do bar sem beber suas 4 corriqueiras doses de Vodka e sem fumar seus 9 cigarros.

Aquela noite, e apenas aquela noite, ele realmente não tinha certeza se conseguiria dormir na cama em que um dia amou Donna.

2 comentários:

  1. Amei o seu texto =/
    Nem preciso dizer,né?

    Am...Te amo,desculpa.

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  2. NOssa que historia até que bonita
    no começo achei que o cara ficaria bebado e matva todo mudno no bar culpando todos por seu descontentamento.
    Mas o final foi digno
    o homem qaundo ama, comete erros, mas sempre ama, de verdade 9se realmente ama se é que vc me entende)... e quando dessas a mulher é que se vai, tudo fica masi doloros, assim são com as mulheres.
    A lei da vida rsrs

    beijos adorei a historia
    e que bom que voltou a escrever aqui é legal o jeito qeu vc escreve
    beijos

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